sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cavalinho Mumu

"Em 1990 havia um cavalo pangaré chamado Mumu dos Anjos que era usado por um desses catadores de papelão para puxar carroça.

Mumu era visto subindo e descendo o morro da Favela no RJ carregando o pesado e ingrato fardo de coisas velhas e papelão usado. Comendo mato e pedaços de velhas espigas de milhos ou sobras que lhe davam.
Esta era a vida de Mumu e o seu destino parecia terminar assim, até que seu dono decidiu vende-lo para pegar um dinheirinho.
Naquela na região havia um senhor que queria comprar um cavalo para dar à sua filha adolescente que estava aprendendo a cavalgar, por esta razão nada melhor que usar um pangaré.
Aconteceu que o pai desta menina tinha outro cavalo (só que de raça) e estava participando de um torneio na Hípica do Rio de Janeiro.
No dia anterior à competição o cavalo de raça se machucou e ficou impedido de participar do torneio. A solução para manter-se inscrito era usar outro cavalo foi então que colocaram o pangaré Mumu, somente para manter o nome da equipe inscrita.
Desengonçado, sem sangue Árabe, sem treinamento, sem pedigree e sem história, Mumu era um daqueles que ninguém acreditava, nem sequer apostava.
Bom a surpresa veio!!
Mumu viu e entendeu que a vida lhe estava abrindo uma porta, e correu, correu, correu como nunca. Bom ele ganhou. Ninguém acreditou.
Anos depois o preço de Mumu estava por volta de Meio Milhão de Dólares, passando a ser transportado de avião, comendo ração importada, e sendo tratado como um rei. Obviamente continua correndo!!!
A historia deste  pangaré é verdadeira e foi publicada no Jornal Gazeta Mercantil em 1990 ".


Se é real ou lenda como está acima contado e usado em palestras motivacionais, o  que se sabe desse cavalo é que parou em mãos do cavaleiro Carlos Mota Ribas, o Cacá, que o levou para a Europa, participando de vários eventos, e aposentando-o na Holanda.

Certamente não foi por acaso que o Mumu teve sucesso. Claro que, independentemente de sua raça e origem,  ele tinha talento e docilidade, foi bem iniciado, mas habilidosos profissionais o prepararam para que ele fosse reconhecido num mundo tão competitivo como o que enfrentou.
 






Em uma referência feita a uma participação de Cacá em uma prova é de que o seu Mumu era na verdade um mangalarga marchador!!!  http://www.bikehorse.com.br/hipismo/hipismo3.htm

Um comentário:

  1. Meus caros,

    Tive a honra de conhecer o Mumu no CHSA quando ele estava em ascensão no Brasil, algum tempo antes de ir à Europa com o Cacá. Foi iniciado nas provas importantes pelo Fabinho, que se divertia fazendo o cavalo entrar marchando na pista (o que evidencia sua parcela de sangue Mangalarga), e também lhe deu o nome, “porque parecia uma vaquinha”.
    Embora de baixa estatura, Mumu tinha excelente físico e era bem proporcionado, nada de pangaré nele! Era provavelmente cruza de algum garanhão de hipismo com égua comum ou mangalarga, nascido num sítio, mas observado desde cedo, e muito bem domado e iniciado, destinado a ser cavalo das categorias baixas, mirim, amador, amazonas, estas coisas. (Aliás não sei porque vocês falaram no texto que “não tinha nada de sangue árabe nele”, como se ser árabe fosse um pré-requisito para animais de salto? Pelo contrário, há pouquíssimos árabes que se destacam no salto...) O que aconteceu de diferente na história do Mumu é que ele foi mostrando serviço, e perceberam que ele levava jeito para o esporte de ponta.
    Aí, depois de uma vitória, algum repórter entrevistou o Fabinho perguntando do cavalo, e ele (quem o conhece sabe de seu senso de humor...) improvisou a tal história, totalmente inventada, do cavalo que puxava carroça na favela. Só que a entrevista veio parar no Jornal Nacional, ou algo assim, e aí nunca mais tiveram coragem de desmentir a lenda, e provavelmente até se deram conta do valor de marketing – tanto que a lenda persiste até hoje! 

    De resto, a historinha sobre o pai que comprou um pangaré para a filha tem tanto elemento furado, escrito por leigo que não entende nada de cavalos nem de hipismo, que JAMAIS poderia ser reproduzida por profissionais do cavalo, tais como:
    - por que um empresário que frequenta a hípica compraria um cavalo de favela para a filha?
    - quem disse que “nada melhor que um pangaré” para iniciar uma pessoa na montaria? Quer dizer que um cavalo que nunca foi treinado adequadamente é melhor que um cavalo bem iniciado?
    - achar que um cavalo pode entrar e ganhar uma prova sem nunca ter treinado é coisa de desenho animado da Disney...
    - ... da mesma maneira que inscrever de véspera um pangaré, sem exame de AIE nem nada, parece improvável.

    Enfim, turma, desculpe pelo comentário longo, mas vamos exercitar o espírito crítico e ser PROFISSIONAIS do cavalo, e não fomentar ideias e sonhos que, de fato, desvalorizam criadores e treinadores (não precisa ter cavalo bom nem treinar, basta acreditar e montar um bom pangaré que caiu do céu...)

    E viva o Mumu, e todos os grandes cavalos especiais que surgem de tempos em tempos, para confirmarem que a exceção confirma a regra!!!

    Obrigada,

    Claudia

    ResponderExcluir